sexta-feira, 17 de abril de 2009

Análise e reflexões do texto teatral “A Gaivota” e considerações entre Tchékohv e Stanislaviski


Análise e reflexões do texto teatral “A Gaivota” e considerações entre Tchékohv e Stanislaviski

“Porque o que pode acontecer de melhor a um actor, é ser completamente absorvido pelo seu papel. Então, involuntariamente, ele põe-se a viver a sua personagem, sem mesmo saber o que sente, sem pensar no que faz, guiado pela intuição e pelo seu subconsciente”.
(estética teatral, pg. 371 e 372, Viver o Papel)
Foi trabalhando com sentimentos internos da personagem da peça de Tchékohv que stanislaviski conseguiu o sucesso, usando da intuição e do sentimento, fazendo os atores mergulhar nas emoções, intenções e sentimentos de cada personagem.
Para encontrar a essência da obra de Tchékohv, “A Gaivota”, Stanislaviski teve que fazer um trabalho minucioso em busca do espiritual, pois a dramaturgia de Tchékohv é dotada de ações internas, espirituais no sentido de o ator, buscar o seu subconsciente para encontrar sentimentos verdadeiros do personagem que vai trabalhar. Acredito que esta tenha sido a grande essência da parceria entre Stanislaviski e Tchékohv.
Stanislaviski = Subconsciente
Tchékohv = Espírito
Estas duas palavras basicamente se fundem na linguagem teatral gerando um só sentido: A verdade na atuação.
Para trabalhar as peças de Tchékohv se fez necessário descobrir e usar de novas técnicas, novas descobertas de atuação, isso foi o que garantiu levar as obras de Tchékohv para os palcos. O responsável por esta pesquisa na arte de atuação foi Stanislaviski. Ele fez essas pesquisas teatrais e foi isso que levou as obras de Tchékohv ao sucesso. Mas vale ressaltar que Stanislaviski também aprendeu muito com a dramaturgia de Tchékohv.
Podemos levar em conta que a dramaturgia de Tchékohv era uma sucessão de cenas da vida, folhas soltas, portanto triviais e corriqueiras, mas todos os personagens tinham um valor espiritual e se destacavam dentro de toda a obra. Temos que deixar considerações também acerca do que se passava na época, o contexto histórico do teatro. Neste momento estava havendo um rompimento com alguns conceitos hegemônicos em relação ao teatro, estavam em decadência os atores principais, dando espaço a uma atuação mais democrática, entrava em cena mais ou menos o teatro que temos hoje, onde o drama não acontece apenas em torno de um ator principal.
Estava em voga também o “boom” das descobertas de Freud e seus princípios mais apurados de ferramenta conceitual: A psicanálise. E esta por sua vez trazia o consciente e o subconsciente, ambos trabalhados cientificamente por estas novas descobertas da psicologia.
Enfim, Stanislaviski inovou o teatro e para isto contou com as obras de seu parceiro Tchékohv, ele formulou um novo método de preparação de atores muito usado até os dias de hoje.
“Se a linha da historia e dos costumes levou ao realismo externo, a linha da intuição e do sentimento nos conduziu ao realismo interno. Deste nós chegamos naturalmente à criação orgânica, cujos processos secretos se desenvolvem no campo da supra-consciência artística.”
(A linha da intuição e do sentimento, A Gaivota. Pg. 307)





Rio Branco - 2009

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