Texto Ato sem Palavras, de Samuel Beckett
Bem, comentar este texto de Samuel Beckett, não é muito fácil, principalmente por se tratar de uma obra individual e sem preocupações com o que o público vai achar de tal espetáculo.
Vamos começar pela palavra “ACT” e suas inúmeras formas de tradução e conceitos. Como o próprio Beckett diz, refere-se a divisões de cena de uma peça teatral, tanto quanto, movimentos, ações, atos, atuação, desempenhos que corresponde a exercício de ator. Mas o que é exercício do ator? E o que é ação? Será que tem diferenças?
Exercício de ator corresponde às técnicas apreendidas ao longo de oficinas e estudos da vida de qualquer ator, essas técnicas possibilitam ao ator movimentações de palco, faciais, posicionamento de voz, corpo dentro de um espaço cênico, podemos citar também o posicionamento mental, pois esse é de suma importância pra vida do ator, ele tem que se colocar de uma forma completa no interior de sua personagem e para isso a posição mental e psicológica tem que ser bem preparada e trabalhada.
Podemos nos referir, como citei acima, a várias ações no texto de Beckett, pois ele acontece a todo o momento e algumas vezes simultaneamente. Logo na 1ª linha temos “...é lançado para...”, a ação está clara, o homem não entrou no palco, ele foi lançado, alguém ou alguma coisa o lançou, portanto há uma ação de uma segundo elemento, ainda falando da 1ª linha, temos um contraposto com a 4ª linha, lá temos “... saindo de onde tinha entrado...”, mas o homem não entrou, como disse, foi lançado.
Saindo do texto e entrando no espetáculo teatral, temos várias ações, segundo as rubricas o homem assobia, a luz aumenta, coisas sobem e descem do teto, mas a mais importante das ações para mim é sem dúvida o ato de pensar, pensar é uma forma de agir, é uma ação interior de qualquer sujeito.
O texto “Ato sem palavras” expressa o pensar humano, este raciocínio é real, mas algo sobrenatural faz deste homem um paralítico, a meu ver este sobrenatural é a natureza que se movimenta indiferente ao ser humano, sentindo tudo que este ser provoca de ruim para ela, mas indiferente. O homem pensa, e pensa também que a natureza não pensa. Certamente ela não pensa, mesmo assim consegue estar acima do ser humano.
O homem tenta alcançar a natureza, mas ela está acima dele de uma forma soberana, que nem o raciocínio, criações e feitos humanos tais como: Os cubos, tesoura, corda que encontramos no espetáculo consegue fazer com que alcance-a.
As forças sobrenaturais e naturais, como a natureza, são o que regem e determinam o destino humano, que um dia foi natural, mas não se contentando com esta condição tenta se transformar em algo inominável, destruindo e construindo um mundo só seu, um mundo falso, fraco e dependente.
O texto até a página 4 tinha coerência, da metade desta página em diante teve várias incoerências, o que me confundiu um pouco, fiquei na dúvida se foi erro da tradução, digitação ou se o próprio autor produziu estas incoerências nas rubricas e consequentemente no espetáculo.
“....Tenta colocar o cubo grande sobre o maior...” Mas só havia, nessa parte do texto, o cubo menor e o maior.
“Ele pensa e vai pra sua saída à direita.
De imediato ele é arremessado para o palco”. Mas ele não saiu do palco, como pode ser arremessado novamente?
Na página cinco o jarro de água desce duas vezes, ele desceu uma, e não tem referencias que ele havia subido novamente, daí ele desce de novo brincando em frente do ator. Bem, são algumas observações que fiz em relação aos erros ou incoerências propositais do texto.
O que me chamou mais atenção no texto e que tem ligação com minhas análises
Foi uma das ações do ator, a ação de colocar os objetos que pegava de volta ao seu lugar de origem, acredito que o autor da obra quis dizer algo com isso, o que me vem de imediato à mente é que o “homem” tenta não fazer o mesmo que fizeram com ele, tirá-lo do seu lugar e lançá-lo ao deserto de sol ardente.
Texto sem palavras, mas para que usar a linguagem falada, para um subtexto tão completo e recheado de emoções? Em muitas situações não precisamos falar pra nos fazer entender. A Arte teatral tem recurso do corpo ativo, onde o corpo exprime palavras.
domingo, 24 de agosto de 2008
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